Pandemia

Agilidade para o controle do vírus

Pelotense que reside em Lisboa relata como as medidas tomadas pelo governo português contribuíram para evitar uma tragédia

Por Daniel Batista - [email protected]
(Estagiário sob supervisão de Débora Borba)

Com uma população estimada em mais de dez milhões de habitantes, Portugal é mais um dos países que sofre os impactos da pandemia da Covid-19. Até a tarde da última quarta-feira, os casos confirmados chegavam a 21.982, com 785 óbitos e 1,1 mil recuperados, segundo a Direção-Geral de Saúde do país. Os números contrastam com os da vizinha Espanha, onde há mais de 208 mil casos e 21 mil mortes, conforme o Ministério da Saúde espanhol. Para o jornalista pelotense Marcelo Borges, 34 anos, que mora há quase dois anos em Lisboa, a diferença pode ser explicada pela agilidade da reposta do governo português à pandemia e pela cooperação de parte da população.

“Uma das primeiras medidas que o governo tomou foi fechar a fronteira por terra”, lembra Marcelo. Segundo ele, a proximidade geográfica com outros países que já estavam sendo afetados, como a Itália e a Espanha, motivou um monitoramento da situação, demandando ações rápidas para a contenção das infecções em território português. Com o país ainda está sob estado de emergência, que, entre outros pontos, limita a circulação de pessoas e abertura de estabelecimentos, o pelotense desenvolve o trabalho, como produtor de vídeo, de casa. A doença também provocou alterações na rotina da esposa, a bióloga Mariana Perera, 31 anos, que teve o doutorado em Ambiente e Sustentabilidade interrompido, e do filho, Noah, de oito meses. Os três estão em isolamento desde a metade de março. “Nesses 40 dias eu devo ter saído de casa uma três ou quatro vezes para ir ao mercado”, cita o pelotense, que afirma utilizar máscara ao sair, além de adotar outras medidas de higiene, como a utilização de álcool em gel, lavagem das mãos e limpeza de embalagens de produtos.

Para ele, a clareza das ações tomadas pela administração do país contribuem para que a população possa entender a extensão da epidemia, os efeitos e a contribuição de cada um. Além disso, ações como campanhas governamentais, de canais de televisão e da imprensa, e a ausência de instrumentos de desinformação, demonstram uma harmonia entre as instituições no combate à doença. “Aqui a Organização Mundial da Saúde é bastante respeitada, existe uma harmonia e uma vontade de crescer, e não de negar a pandemia”, pontua.

Priorização da vida
O estado de emergência em Portugal está em vigor desde 19 de março e teve duas renovações. Segundo Marcelo, haverá uma liberação gradativa das atividades. Até junho Portugal deve ter uma retomada mais forte, mas mantendo o cuidado com os números causados pela Covid-19, já que desde o início das medidas os esforços foram concentrados para a manutenção das vidas.  “Nunca existiu essa conversa de priorizar a economia frente à saúde pública”, afirma, salientando a diferença entre o tamanho dos países, o que pode promover danos maiores em território brasileiro. Entre as medidas tomadas,  para amenizar os impactos nas famílias, o pelotense lembra que o governo português passou a realizar o pagamento de uma bolsa voltada aos pais que precisaram ficar com os filhos em casa, após o fechamento de instituições de ensino e creches, em 16 de março. Pela medida, os trabalhadores terão 66% do salário pago, sendo 33% fornecido pelo governo e 33% pelas empresas. Além de contribuir para evitar a disseminação do novo coronavírus, Marcelo aponta que o isolamento também possibilita que ele e a esposa passem mais tempo com o pequeno Noah. “Todo o crescimento dele, todo o desenvolvimento dele a gente está conseguindo acompanhar de perto”, destaca. Em relação aos familiares e amigos que permanecem no Brasil, o produtor de vídeo demonstra preocupação, principalmente em relação às ações para flexibilização das restrições e pela não adesão de parte da população em relação ao isolamento e distanciamento social.  “A gente fica com o coração na mão, torcendo para que as coisas não se compliquem e não fiquem mais sérias”, afirma, lembrando da subnotificação, que pode não dar a real dimensão do potencial do novo coronavírus.

 

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